Por Guida Maria in Público

Guida Maria: O que sei sobre os homens

Sei o que todas as mulheres sabem, a diferença é que há as que assumem aquilo que sabem e há as outras que os mantêm neste banho-maria há séculos. Também sabem, mas calam-se por outras razões, por medo de estarem sozinhas ou por status (é muito importante terem um marido, mesmo que ele lhes ponha os cornos e que lhes dê tareias).

Eles não aprendem, o script é sempre o mesmo, os actores é que mudam. São sempre as mesmas histórias: são muito infelizes, tiveram um casamento que não deu certo, ela queria ser independente, os filhos dão problemas, a mãe não sei o quê. Também gostam muito de falar das ex-mulheres, é sempre culpa delas. Qualquer problema os afecta, sexualmente inclusive. Desisti de os educar. Mentem com quantos dentes têm na boca e não percebem que somos mais inteligentes: ainda não disseram nada e já sabemos. Têm o síndrome do bombeiro, têm sempre que ir apagar um fogo, vejo-os sempre com o capacete e a machadinha. Sentem-se importantes porque têm a mangueira.

Adoro os homens. Acho que são óptimos. Como amigos, são muito disponíveis. Quando são nossos maridos, ou amantes, ou companheiros, são muito disponíveis para as outras, portanto também são para nós de vez em quando. Tenho muito mais amigos homens do que mulheres, dou-me muito bem com eles quando não há nada entre nós nem nunca houve. Porque àqueles com quem houve nunca mais lhes falo.

Há coisas que comigo não funcionam, a esse nível não sou nada moderna. Aviso-os quando entram: você quando está comigo, está comigo: fala comigo, pergunta-me se eu preciso de alguma coisa, resolvemos os problemas juntos. Quando se quiser ir embora, também é a mim que me diz, escusa de me mandar recados e mentiras. Se se portar mal, nunca mais me dirige a palavra. Não perco tempo com pessoas que não se portam como pessoas.

Há duas coisas muito más na vida: uma má queca e um mau actor. Um mau actor dá cabo de um texto. Uma má queca é uma chatice, é horrível, é penoso.

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Enquanto as coisas existem e nós estamos à vontade nelas e felizes, é de lutar por elas. Quando começam a descarrilar, começo a acordar mal disposta, com mau feitio, aquela coisa a respirar para cima de mim começa a fazer-me impressão, vamos lá falar. A gente fala uma, duas, três vezes e aquilo permanece. Chegou a altura de nos separarmos. Se eles fazem merda, aí não há explicações, é logo porta fora.

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Crónica publicada na edição da revista Pública de 8.08.2010

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